As Drogas do Sertão
No período em que o Brasil foi
colonizado, os portugueses verificaram, na Amazônia, a
existência de uma grande variedade de recursos naturais que incluíam raízes,
frutas e diversos tipos de plantas. Uma das formas com que os colonizadores
aumentavam este conhecimento era o contato com os nativos da terra, que já
faziam uso e sabiam do potencial culinário e curativo de vegetais, que ficaram conhecidos como drogas do
sertão.
No início do século XVI, a colonização das Américas
ainda não era efetiva. Na Europa, havia uma imensa procura por especiarias que, até
então, eram buscadas nas Índias. Os europeus utilizavam estes produtos para
comer, temperar, fabricar manufaturas e como remédios. A procura por estes
recursos naturais era tão grande que os conquistadores ibéricos buscavam uma rota que ligasse o comércio das
Índias à Europa.
Os portugueses, ao verificarem a presença destes
produtos na Amazônia, acabaram encontrando uma solução para substituir as
especiarias das Índias. As terras amazônicas apresentavam uma grande riqueza de recursos naturais. Pode-se considerar como
drogas do sertão os seguintes produtos: gordura do peixe-boi, ovos de tartaruga, araras e papagaios vivos,
jacarés, lontras, peles de felinos, castanhas, ervas com propriedades
curativas, fibras, tinturas, baunilha, poaia, urucum, guaraná, cravo, cacau e outros condimentos.
O valor destas especiarias era tão grande que
também estimulava atividades ilegais. Margaret Presser, no livro “Pequena
Enciclopédia para Descobrir o Brasil”, explica esse processo: “O valor que
tinham na Europa não era ignorado por traficantes e contrabandistas de várias
origens. Desde o século XVI eles já chegavam à Amazônia pelo rio Amazonas e
comercializavam com os indígenas. Foi para combatê-los, aliás,
que as autoridades portuguesas mandaram construir o
forte do Castelo e a cidade de Belém do Pará, em 1616, e o forte São José do
Macapá, no Amapá, em 1764”.
Para a extração destes recursos, as missões de
jesuítas utilizavam o conhecimento e o trabalho dos nativos. Entre todas as
drogas encontradas na Amazônia, a mais importante foi o cacau, que chegou, até
mesmo, a ser utilizado como moeda. Após algum tempo, o marquês de Pombal inicia
um programa de cultivo da agricultura que incentivava a atividade por meio das
companhias comerciais.
A decadências do “ciclo das drogas” no país
deu-se com a atitude do Marquês de Pombal em
expulsar os jesuítas. Além disso, existiam muitas divergências entre os
clérigos e os colonos. Apesar da diminuição da extração destes recursos, alguns
continuaram a ser explorados, como a borracha,
importante produto que ajudou na integração nacional.
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